CORONEL HENRIQUE PRESIDE AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE PREVENÇÃO AO COVID-19 NAS AGROINDÚSTRIAS
A partir da pandemia de Covid-19, disseminada com a propagação do novo coronavírus, deverá ganhar força o conceito de saúde única, que envolve ao mesmo tempo os humanos, os animais e o meio ambiente. A opinião foi manifestada pelo presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Coronel Henrique (PSL), em audiência pública nesta segunda-feira (1°/6/20).
A reunião foi a segunda desta data, em que o Parlamento mineiro inaugurou a realização de audiências de comissões pelo sistema remoto, a exemplo do que já vem sendo feito nas reuniões de Plenário.
A reunião teve por objetivo debater os impactos da pandemia de Covid-19 nas agroindústrias de Minas Gerais, assim como as medidas de biossegurança para o funcionamento do setor e a manutenção do abastecimento no Estado.
“O mundo aprendeu a enxergar os inimigos invisíveis. Ganha valor a saúde e o conceito de saúde única, humana, animal e ambiental, integradas. A ciência ainda não tem respostas, daí a importância da prevenção e da ação fiscalizatória sanitária para mitigar esses riscos para as futuras gerações”, afirmou o deputado Coronel Henrique.
A manifestação do presidente da comissão foi encampada pelo diretor-técnico do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Bruno Rocha de Melo, convidado que participou presencialmente da audiência pública.
Coronel Henrique defendeu também a contratação de concursados pelo Governo do Estado e a ampliação de vagas em órgãos públicos do setor, como a Emater, empresa de Extensão Rural do Estado, a Epamig, empresa de pesquisas agropecuárias, e o próprio IMA.
O diretor-técnico do instituto concordou com a necessidade de reforçar os quadros, “a despeito das dificuldades financeiras”. E ressaltou que, devido à pandemia, o Governo do Estado “fez um esforço para contratar temporariamente 57 novos médicos veterinários para o instituto, até o final do ano".
Frigoríficos - Segundo o diretor do IMA, ao contrário de outros estados do Brasil, Minas Gerais tem mantido a pandemia sob controle no setor. Não foi o que ocorreu, por exemplo, com o Rio Grande do Sul, onde foram registrados 30 surtos de Covid-19 em frigoríficos da agroindústria, com mais de 28 mil funcionários expostos, 611 casos confirmados e duas mortes.
Bruno Rocha ressaltou que o ambiente dos frigoríficos é muito favorável à propagação do vírus, por ser extremamente frio e úmido e porque o forte ruído leva as pessoas a se aproximarem muito umas das outras para se comunicar. Por isso, frisou a necessidade de cuidados redobrados.
AGRO É O ÚNICO SETOR COM CRESCIMENTO
O superintendente de Agricultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Minas Gerais, Marcílio de Sousa Magalhães, destacou recente estudo do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, segundo o qual “a agropecuária é o único setor econômico com crescimento na pandemia”.
De acordo com ele, o “ministério tem se preocupado em manter a produção e mitigar os efeitos da pandemia, garantindo o abastecimento e a sobrevivência dos produtores, principalmente da agricultura familiar”.
Magalhães destacou a preocupação não só com a saúde dos trabalhadores do setor e os cuidados com a prevenção. Entre outras iniciativas, apontou a realização de testes para detecção do coronavírus pelos laboratórios do Mapa, o diálogo com outros países da América do Sul quanto ao tráfego de alimentos durante a pandemia, a garantia de abastecimento do mercado e a divulgação entre os frigoríficos de manuais de recomendação sobre medidas de prevenção e controle.
Antônio Carlos Vasconcelos, da Associação de Avicultores de Minas Gerais, disse que o setor vem seguindo rigorosamente os protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias, como o afastamento dos trabalhadores do grupo de risco, além dos cuidados com distanciamento, aferição da temperatura, uso de máscaras e desinfecção dos ambientes de trabalho e de transporte.
Antônio Araújo Andrade, auditor fiscal agropecuário do Mapa, afirmou que o ministério está atento à prevenção, e que Minas Gerais conta com 685 estabelecimentos, sendo 55 abatedouros frigoríficos, 523 na área de leite e mel e 107 nas áreas de pescado, entrepostos, industrializados, ovos e graxarias.
Acrescentou que o Mapa conta, hoje, em todo o País, com 2.433 auditores fiscais, sendo 844 trabalhando em fiscalização e inspeção. Desses, 72% em atividades na linha de frente.
Assintomáticos - O professor Claudio Mafra de Siqueira, da Universidade Federal de Viçosa, também presidente da Sociedade Brasileira de Biossegurança e Bioproteção, elogiou o manual de recomendações do Mapa, mas destacou a importância de que o setor se prepare para identificar e monitorar os trabalhadores assintomáticos, incluindo os auditores fiscais e demais servidores que interagem com o setor, de forma a evitar a propagação do vírus.